Seqüestro no Cone Sul
De "alto a baixo" posição do governador

Enquanto se desenvolvia a acalorada reunião na Ordem dos Advogados, o Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Dr. Sínval Guazelli deslocava-se até a praça da Alfândega e subia no palanque lá instalado para fazer seu discurso de inauguração da Feira do Livro, que anualmente se realiza em Porto Alegre.

Tão logo se concluiu o ato oficial, o Governador foi circundado por inúmeros jornalistas ávidos de respostas com referência ao desaparecimento de Lilian e Universindo. Embora tendo descido do palanque, Guazelli demonstrou que ainda estava no alto quando respondeu:

-- Esclarecer o caso é uma questão de honra, tanto para o Governo como para a Nação, e a possível colaboração da polícia gaúcha será examinada por uma sindicância de alto a baixo, do primeiro ao último escalão.

Quando um dos homens de imprensa indagou se o seqüestro teria sido consequência de repressão à subversão internacional, o Governador, de forma indireta, acabou rebatendo as declarações de seu próprio Secretário de Segurança asseverando:

-- Não percebo qualquer indicio a nível regional.

Bem, acabei por me tranquilizar. Acontecesse o que acontecesse, tanto a Ordem dos Advogados quanto o Governador admitiam a hipótese de seqüestro. Tais interpretações acabavam por ter um peso de ordem moral para quem já estava engajado nos acontecimentos.

Não obstante, dois dias depois, o Secretário de Segurança retrucava:

-- Será que a versão uruguaia não merece crédito?

Diante disso, fiquei me perguntando se o Governador estava de fato tão no alto quando fizera sua promessa de sindicância. Ou se teria havido alguma mudança de posição . . .

De quem?

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Este libro ha sido editado en Internet el 01sep02 por el Equipo Nizkor y Derechos Human Rights