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31mar03


Presidente Lula se dispõe a colaborar com iniciativas da Igreja em favor da paz.


O papa João Paulo II recebeu na manhã de hoje, 31 de março, o ministro das Relções Exteriores do Brasil, Celso Luiz Nunes Amorim, que lhe apresentou Carta do presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, colocando-se à disposição para quaisquer iniciativas da Igreja em favor da paz no Iraque.

Segue na íntegra a carta.

À Sua Santidade o Papa João Paulo II,

Santíssimo Padre,

neste momento de tão graves implicações para o futuro do mundo, escrevo para manifestar o reconhecimento e apreço do povo brasileiro pela atuação de vossa santidade em favor da paz. assistimos no brasil com grande expectativa às ações dos diversos emissários da santa sé e ao envolvimento pessoal de vossa santidade na busca de uma solução pacífica para a crise do Iraque.

O brasil, nação onde a maior população católica do mundo convive pacificamente com outros credos, compartilha da preocupação da santa sé frente à construção de novo foco de instabilidade e o possível agravamento de extremismos. concordamos em que as ameaças representadas pela proliferação de armas de destruição em massa e pelo terrorismo devem ser enfrentadas no marco do Direito Internacional e da carta das nações unidas.

O brasil se preocupou - e se preocupa - com a possibilidade de que armas de destruição em massa existam no iraque. por isso apoiamos todas as resoluções pertinentes do conselho de segurança e exortamos o iraque a cumpri-las.

Compartilho o sentimento expresso por Vossa Santidade de que não havia ameaça suficiente para justificar uma ação preventiva. Apesar das numerosas vozes, em todos os quadrantes, que defendiam o prosseguimento das inspeções sob a égide das Nações Unidas, as tentativas de

encaminhamento pacífico da crise não foram, a nosso ver, esgotadas.

Estimo, não obstante, que devemos perseverar em nossos esforços diplomáticos, e que Vossa Santidade tem um papel extremamente importante a desempenhar na retomada do diálogo sobre o futuro do Iraque, e na reorganização de uma ordem mundial fundada na tolerância, na solidariedade e no respeito ao Direito Internacional.

Nas semanas que antecederam o início das hostilidades, estive em contato com vários líderes mundiais e com o Secretário-Geral das Nações Unidas. Em carta a Kofi Annan, sugeri ao Secretário-Geral que convocasse uma reunião de países interessados em uma saída política para a crise. Referi-me a propostas como a dos Emirados Árabes Unidos, de um processo de

reconciliação nacional no Iraque sob supervisão das Nações Unidas e da Liga Árabe. Sugeri que um plano desta natureza fosse combinado com o prosseguimento das inspeções e o pronto levantamento das sanções, que tanto sofrimento causaram ao povo iraquiano. Até o último momento procurei encontrar um caminho para a preservação da paz.

Em raras ocasiões, nas últimas décadas, a comunidade internacional esteve tão necessitada como hoje de autoridade moral e liderança espiritual. A perspectiva de um desastre humanitário no Iraque permanece uma séria preocupação. A erosão das regras e princípios que regem a boa convivência entre as nações comporta riscos sérios para o futuro da civilização.

Devemos voltar nossas mentes e corações para o restabelecimento da paz. Coloco-me à disposição de Vossa Santidade para qualquer iniciativa que venha a contemplar com vistas à comunhão de esforços entre lideranças comprometidas com os valores que a Santa Sé soube tão bem encarnar no conturbado contexto em que nos encontramos. Não podemos permanecer indiferentes ante uma crise que, como bem disse Vossa Santidade, "ameaça toda a Humanidade".

Permito-me transmitir a Vossa Santidade o sentimento de meu profundo respeito em mais alta consideração.

Palácio do Planalto, 31 de março de 2003
Luis Inácio Lula da Silva
Presidente da República

Guerra en Iraq y Estado de excepción Global

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Este documento ha sido publicado el 07abr03 por el Equipo Nizkor y Derechos Human Rights